Sede de Liberdade

Jacques Whitehead, agente especial do MI6 britânico, em fim de carreira, vivia em Los Angeles há 30 anos.

Tinha recentemente concluído um livro sobre parte do percurso de vida do seu amigo Adriano Mesquita, ex-jornalista e escritor famoso.

Conhecera as principais personagens do enredo, primeiro na Argélia, em finais de 1978, no decorrer de uma das suas primeiras missões no exterior, logo após a morte do presidente Houari Boumediene, e posteriormente na Europa, onde encontrou e entrevistou os restantes.

Naquela tarde de 21 de outubro de 2007, estava ansioso, em casa, à espera do editor que lhe deveria entregar uma centena de exemplares do livro que ele queria oferecer, nessa mesma noite, ao seu amigo. Era uma das surpresas para Adriano que, entretanto, partira para Ensenada, México onde a sua esposa o esperava a fim de celebrarem mais um aniversário de casamento.

Foi então que Jacques recebeu a terrível notícia: Adriano tinha passado a fronteira de Tijuana às 17 horas e nunca mais ninguém o viu.

Filho único de uma família abastada de Lisboa, Adriano fizera parte de um movimento de reflexão contra a ditadura enquanto seu pai se aproveitava dela e da sua proximidade com o poder político para enriquecer, colaborando com o governo e gerindo negócios profícuos em Angola.

Depois de ter completado 18 anos, decidiu que não faria o serviço militar e fugiu para França onde esperava integrar os núcleos antifascistas portugueses.